IA generativa pode acrescentar 1,2 mil milhões de euros por ano à economia portuguesa
A inteligência artificial (IA) generativa poderá ter um impacto significativo na economia portuguesa. De acordo com um relatório da Implement Consulting Group e da Católica Lisbon School of Business and Economics, encomendado pela Google, a adoção desta tecnologia pela administração pública pode aumentar a produtividade do setor em até 9% ao longo de uma década, representando um acréscimo de cerca de 1,2 mil milhões de euros por ano à economia nacional.
Potencial de transformação no setor público
O estudo estima que cerca de 66% dos funcionários públicos, o equivalente a 200 mil pessoas, poderiam ter as suas tarefas otimizadas com o apoio da IA, libertando tempo para atividades que exigem maior interação humana, como o atendimento a cidadãos ou a resolução de casos complexos.
Mais de metade dos trabalhadores do setor público português já utiliza alguma ferramenta de IA, e 80% acredita que estas tecnologias serão determinantes para o futuro do seu trabalho.
Serviços públicos mais ágeis e acessíveis
A introdução da IA generativa pode também simplificar o acesso a serviços públicos. Pedidos de passaporte, registo de nascimento ou declarações fiscais, por exemplo, poderão tornar-se mais rápidos e intuitivos com a ajuda de assistentes digitais capazes de preencher formulários e orientar os utilizadores.
Portugal já começou a explorar essas possibilidades. Um assistente de IA no portal Gov.pt respondeu a mais de 17 mil conversas no primeiro mês de funcionamento, resolvendo 62% dos casos sem necessidade de intervenção humana.
Recomendações para a adoção da IA
O relatório sugere que o setor público avance de forma gradual e estratégica na integração de soluções baseadas em IA. Entre as principais recomendações estão:
- Focar-se em tarefas transversais que possam beneficiar várias instituições;
- Começar com aplicações de baixo risco e uso interno, antes de expandir para serviços voltados ao público;
- Garantir segurança, ética e transparência no uso dos dados;
- Evitar dependência de fornecedores através do uso de padrões abertos e práticas sustentáveis.
Formação e infraestrutura digital
O relatório destaca ainda a importância de investir em qualificação profissional e infraestrutura tecnológica para apoiar a transformação digital. Nesse contexto, várias iniciativas estão em curso no país para promover competências em IA e melhorar a conectividade, incluindo projetos de cabos submarinos que reforçam a ligação de Portugal com outros continentes.
Além das conclusões do relatório, foi também anunciado um investimento de 1 milhão de dólares da Google.org destinado a apoiar a formação em inteligência artificial no ensino superior português. O financiamento será aplicado em parceria com as organizações INCO e Chance, que vão oferecer formação avançada em IA e orientação profissional a cerca de 7.000 estudantes universitários no país.
As iniciativas contarão com a colaboração de instituições como o Instituto Politécnico de Santarém (IPSantarém) e o Instituto Politécnico de Tomar, com o objetivo de preparar os estudantes para atuar em setores que estão a ser transformados pelas novas tecnologias.