Os Estados Unidos estão a considerar uma medida altamente polémica que poderá obrigar praticamente todos os visitantes estrangeiros a entregar cinco anos de histórico de redes sociais antes de entrar no país. A proposta, avançada pelo serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras, faria deste requisito uma parte fixa da triagem de entrada, mesmo para quem viaja ao abrigo de programas de isenção de visto, como turistas provenientes da Europa, Austrália, Japão ou Reino Unido.
Até agora, quem visita os EUA através do sistema de autorização eletrónica apenas precisa de preencher um formulário simples, pagar uma taxa e confirmar alguns dados básicos. O envio das contas de redes sociais é atualmente opcional, mas a nova medida quer transformar esse ponto numa obrigação absoluta para todos os viajantes.
Além das contas de redes sociais usadas nos últimos cinco anos, os visitantes poderão ainda ser chamados a fornecer números de telefone utilizados no mesmo período, endereços de e-mail antigos, e até informações familiares detalhadas, como nomes completos e datas de nascimento. A proposta também abre espaço para recolha de dados biométricos adicionais, incluindo selfies e reconhecimento facial, ampliando de forma significativa o volume de informação exigida.
EUA dão "segurança nacional" como desculpa
As autoridades americanas defendem que o objetivo é reforçar a segurança nacional e permitir uma avaliação mais completa de potenciais riscos antes da chegada de qualquer viajante. No entanto, especialistas em privacidade e direitos civis alertam que esta recolha massiva de dados pode ser excessivamente intrusiva, criando barreiras desnecessárias e desencorajando turismo legítimo. Argumentam ainda que este tipo de controlo pode prejudicar a imagem dos Estados Unidos enquanto destino aberto e acolhedor.
A proposta encontra-se ainda numa fase preliminar: foi colocada a consulta pública e terá de passar por um período de análise antes de poder ser implementada. Até lá, persistem dúvidas sobre até que ponto esta nova exigência será realmente eficaz e se valerá o custo em termos de privacidade e liberdade individual.