A Apple afirmou esta quinta-feira que a aplicação do Regulamento dos Mercados Digitais da União Europeia está a provocar atrasos no lançamento de novas funcionalidades para os utilizadores europeus. De acordo com a empresa, as exigências de interoperabilidade impostas pela lei acabam por conduzir a uma experiência menos fluida no bloco europeu.
O Regulamento dos Mercados Digitais entrou em vigor há cerca de três anos e foi criado para limitar práticas consideradas anticompetitivas por parte das grandes tecnológicas, promovendo a portabilidade de dados e facilitando a migração entre plataformas. No entanto, a Apple alega que, para cumprir estas regras, precisa de suspender determinadas funções nas versões europeias dos seus produtos até conseguir adaptá-las a soluções compatíveis também para terceiros.
Entre as funcionalidades que não chegam, para já, aos utilizadores europeus estão a tradução em tempo real nos AirPods, o espelhamento do iPhone para o Mac e novas opções nos Mapas, como lugares visitados e rotas preferidas. A Apple admite ainda que a lista poderá aumentar.
Segundo a empresa, existe um conflito entre a necessidade de abrir o seu ecossistema e a vontade de proteger a privacidade dos utilizadores. A Apple afirma ter apresentado propostas que garantiriam níveis elevados de segurança, mas a Comissão Europeia terá rejeitado essas alternativas.
Outro ponto levantado pela tecnológica é que a obrigatoriedade de permitir instalação de aplicações através de lojas externas e de aceitar sistemas de pagamento alternativos pode abrir a porta a riscos de fraude, software malicioso e golpes digitais.
A Comissão Europeia, por sua vez, contesta o discurso da Apple e afirma que a lei não obriga as empresas a sacrificar privacidade ou segurança. O objetivo, garantem, é simples: oferecer mais escolhas aos consumidores e fomentar uma concorrência mais justa no mercado digital europeu.
